A caveira mostra a cara…

Há tempos tenho lido e ouvido argumentos que apontam um desejo velado de acionar as forças especiais das policiais militares e até Forças Armadas para combater o narcotráfico e a violência urbana. Quanto ao objetivo da garantia da ordem não faço objeções. Minha discussão é quanto aos métodos.

O Estado, por conceito, não pode agir com base no terrorismo, na chantagem, no autoritarismo e na violação das regras democráticas que o legitimam. Mas a ação e a reação à violência, na maioria das vezes, vem carregada desses ingredientes. Foi assim que Tropa de Elite fez sucesso. Mas há tempos eu não via uma declaração tão clara desse pensamento como a entrevista do coronel Emir Laranjeira no blog Santa Bárbara e Rebouças. Vejam o naipe:

o caminho é o enfrentamento sistemático e com o uso de força superior à dos bandidos até a erradicação dos narcoguerrilheiros favelados. É claro que isto não erradicará o tráfico, mas pelo menos o tornará passível de coerção policial. Hoje o aparato policial estadual apenas engarrafa fumaça ou enxuga gelo em relação ao tráfico…

7 Comments

  1. Os escravos não podem se governar sozinhos? O trabalhador que produz a riqueza precisa da elite parasita administrar a produção e o país? O conhecimento é somente para uns poucos?
    Há 200 anos, como bem escreveste na reportagem do “História Viva”, os negros haitianos rompiam com um mito. Aqui no Brasil, os defensores da escravidão diziam essa relação representava um respaldo para os escravos. Pois os donos dos latifúndios garantiam a sobrevivência do escravo. Hoje, a burguesia norte-americana nos ajuda porque nos dá empregos.
    Haití!!! Qual é o objetivo das tropas imperialistas da ONU, do Lula e do Bush no Haití? Acabar com as os bandos mafiosos? E a polícia nacional fascista do Haití que atua com o respaldo do exercito de ocupação?
    Vamos refletir: quem, na época da ditadura militar brasileira, daria uma entrevista para a CNN (ou qualquer emissora dos EUA na época) falando mal dos militares? Quem vai dar uma entrevista no Haití para uma emissora do governo brasileiro falando mal da ocupação? Difícil, não é? Justamente no Haití onde, assim como no Pará ou no Mato Grosso ou nas favelas do Rio, a vida não vale nada. No nosso país, a vida de pobre não vale nada, “todo favelado é marginal e merece morrer” segundo a ideologia fascista fomentada nas nossas polícias. A mesma polícia que se relaciona de forma corrupta com as altas rodas milinárias do tráfico.
    As tropas da ONU no Haití servem para manter a escravidão no Haití, os lucros das multinacionais. A escravidão das maquiladoras que produzem para a Levi´s ou outras multinacionais. Pessoas que, em 2008, trabalham em locais fechados a cadeado, mais de 12 horas, sujeitas a castigos físicos. E essas máfias não são combatidas pela ONU, e para elas que a ONU e o nosso governo trabalha, mata, tortura.

    Talvez não tenhas visto isso. Aliás, é muito comum a gente ir a um lugar e não ver o que lá acontece, não é culpa nossa. Provavelmente saibas melhor do que eu sobre tudo isso. E as outras máfias (as que hoje não estão no poder)? E o princípio “burguês” da auto-determinação dos povos? Se o objetivo do governo brasileiro é livrar os haitianos das máfias, vamos ajudar os próprios haitianos a se armarem. Voltemos as perguntas iniciais deste texto.

    O teu artigo levanta algumas posturas críticas: comparando a estrutura do exercito da ONU com a falta de saúde, educação e moradia. Mas não chega ao ponto. O Haití precisa de uma nova independência, e essa independência não será conquistada com a ONU.

    Li os teus artigos e teu vídeo, e pude aprender bastante com eles, sobre uma realidade que só conheço de ouvir falar. Ano passado uma comissão de sindicalistas do Brasil esteve no Haití, inclusive chegou a falar com o presidente Prèval. Obviamente a grande mídia não deu repercussão. Gostaria que visses outra reportagem que foi feita sobre o Haití. Não sei se é melhor ou pior que a tua, se mais ou menos completa, mas traz algumas outras informações. Independente da opinião de cada um, gostaria que visses esse material que está no site do PSTU: http://www.pstu.org.br.

    Tá na hora da segunda revolução anti-escravista no Haití (e não só no Haití).

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  2. Muito legal seus comentários, David. Esse é o grande debate que falta sobre o tema do Haiti. Na minha opinião, isso também é reflexo de um distanciamento da realidade caribenha com o cotidiano dos brasileiros e pela “novidade” de uma participação tão grande do Brasil em missões de paz.

    Quem já acompanhou o funcionamento de uma missão de paz sabe que a burocracia (lê-se princípios de ação) emperra qualquer margem de atuação mais participativa da sociedade. O modelo de missão de paz da ONU está falido porque não consegue “garantir a paz”. Aqui, pensando em seu conceito mais amplo de desenvolvimento sustentável, estabilidade e soberania.

    Houve excessos e omissões, sim, da missão de paz. 1) Entrar no Haiti sem discutir o tamanho da interferência diante da situação de Aristide; 2) Organizar operações que violavam as regras de engajamento (atirar a esmo); 3) Demorar a organizar uma ajuda humanitária ao país.

    Mas também houve acertos. Pude presenciar, antes de quase toda a imprensa, ainda em 2004, denúncias de violações de direitos humanos. Ao mesmo tempo, em todas as quatro vezes que fui até lá, vi uma gratidão imensa por ações contra grupos armados que violavam outros direitos das pessoas. Isso é inegável e muita gente também tenta esconder.

    O Haiti é uma realidade contraditória. Seu governo age assim também. A missão de paz é um elefante branco, contudo tem seu mérito. Limitado, mas tem. A globalização gerou para eles fluxos imigratórios constantes para República Dominicana, Estados Unidos e outros países do Caribe. E uma exploração extrema da sua economia.

    O país precisa, como você disse, de uma nova independência. Concordo. A questão é como?

    Sensacional seu comentário. Seguimos na conversa.

    Até,

    Aloisio

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  3. […] No Haiti, há inúmeras acusações de organização não-governamentais de violações de direitos humanos nas missões de paz. Até agora foram sistematicamente negadas pelas Nações Unidas. O maior desafio para ações militares é, com certeza, o acompanhamento de sua rotina para checagem de parâmetros transparentes do uso da força. Como atirar? Em quem atirar? Quando não atirar? Estas perguntas precisam ser respondidas previamente para originarem posteriores justificativas. Caso contrário, a máxima implícita nas operações se torna: “os fins justificam os meios”. Esta é a fina navalha do uso da força militar. Da mesma maneira como discutimos a ação da “tropa de elite” do Rio de Janeiro (aqui e aqui). […]

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  4. PROMOTOR DO GAECO DE SÃO PAULO ARTUR LEMOS JUNIOR NÃO CUMPRE ACORDO COM O EX INVESTIGADOR DE POLICIA CARLOS RAMIRO CUNHA BRAZ GOMES ATUALMENTE PRESO EM TREMEMBÉ SP POR TRAFICO DE DROGAS. SEGUNDO RAMIRO ARTUR TERIA LHE OFERECIDO DENUNCIAÇÃO PREMIADA DIMINUIÇÃO DE PENA E OUTROS BENEFICIOS PARA ASSINAR VARIOS DEPOIMENTOS CONTENDO CRIMES IMPUTADOS A 26 INVESTIGADORES DE POLICIA DE SÃO PAULO. RAMIRO CONTATOU SEUS ADVOGADOS PARA RECONHECER O ERRO DE FALSAS COMUNICAÇÕES DE CRIMES E AJUIZA AÇÕES CONTRA O MP DE SP.

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  5. Trata-se de habeas corpus impetrado por CARLOS RAMIRO CUNHA BRAZ GOMES, em nome próprio, contra suposto ato do Superior Tribunal de Justiça, consubstanciado no indeferimento de outro writ lá impetrado em seu favor.

    Alega, em suma, ter direito ao benefício da delação premiada, uma vez que teria colaborado em investigação de crime de tráfico de entorpecentes na capital paulista.

    Decido.

    Não há pedido de medida liminar.

    Solicitem-se informações à autoridade apontada como coatora, bem como ao Tribunal de Justiça de São Paulo. Após, ouça-se o Procurador-Geral da República.

    Publique-se.

    Brasília, 20 de março de 2009.

    Ministro RICARDO LEWANDOWSKI

    – Relator –

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  6. […] No Haiti, há inúmeras acusações de organização não-governamentais de violações de direitos humanos nas missões de paz. Até agora foram sistematicamente negadas pelas Nações Unidas. O maior desafio para ações militares é, com certeza, o acompanhamento de sua rotina para checagem de parâmetros transparentes do uso da força. Como atirar? Em quem atirar? Quando não atirar? Estas perguntas precisam ser respondidas previamente para originarem posteriores justificativas. Caso contrário, a máxima implícita nas operações se torna: “os fins justificam os meios”. Qualquer grupo armado ilegal (traficantes, gangues, milícias) não tem regras nem compromisso com a sociedade. Mas o braço armado de um Estado democrático tem a obrigação de refletir e atuar com clareza. Sua legitimidade depende disto. Esta é a fina navalha do uso da força militar. Da mesma maneira como discutimos a ação da “tropa de elite” do Rio de Janeiro (aqui e aqui). […]

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