Amor e beleza no vodu haitiano

Saut d’Eau é uma cidade da região central do Haiti. É onde acontece uma importante festa religiosa do país, que mistura valores católicos e do vodu. O sincretismo de Erzulie Freda, deusa do amor e da beleza no vodu, com a imagem católica de Nossa Senhora do Carmo. Na cidade de Saut D’Eau há uma grande cachoeira perto de uma igreja, para onde fiéis vão se banhar e festejar suas crenças – forma de fazer uma oferenda nas águas, das quais Freda gosta, assim como o orixá Oxum do candomblé afro-brasileiro.

Só conhecendo um pouco mais da cultura do Haiti para entender que existem diferentes formas de olharmos o empobrecimento do país caribenho. Ele reside, sobretudo, na política partidária, nos serviços públicos e na garantia dos direitos. Mas não atinge a dimensão cultural de um povo que tem história, religião e uma riqueza plural. A celebração aconteceu na semana passada. Fiz uma coleta de fotos deste ano pela internet. Algumas são da página oficial da Minustah, registradas pelo fotógrafo Marco Dormino, e outras do pessoal do Haiti Innovation, no link do slideshow do Flickr.

Aí estão…



12 Comments

  1. Lindas as fotos!!! Engraçado que na minha família Nossa Senhora do Carmo é muito cultuada, principalmente pelas minhas avós. E elas sempre falam que ela ajuda na cura, na renovação. É o que sinto vendo essa foto da cachoeira. Dá vontade de estar lá!

    Responder

  2. OI Aloisio ,as fotos sao muito bonitas,pena que nao deu para ter um podcast da festa…seria interessante!Estudei na Fr. com uma haitiana,era a pessoa mais gentil da fac,alem do imenso senso religioso tinha uma bondade inata . estava sempre querendo dividir o que tinha com os outros estudantes latinos e ela nao tinha nada.Tinha esquecido dela ,suas fotos me lembraram .ab

    Responder

  3. Nossa, Nine, boa idéia. E seu pedido é uma ordem. Não será em podcast, mas em vídeo. Fiz uma busca no Yout Tube, e duas pessoas fizeram registro sobre a festa desse ano. Veja aí nos links abaixo:
    1) http://br.youtube.com/watch?v=AmN2BzQYRNg
    2) http://br.youtube.com/watch?v=tuiCFGTJX5g
    O segundo demora mais para carregar, mas é o mais detalhado. Veja se não parece que estamos em algum lugar perdido aqui do Brasil mesmo. Isso é nosso presente latino e nossa relação com a diáspora africana.

    Responder

  4. OI aloisio ,vi os dois.amei!Foi o maior flashback dos tempos de fac a Paris..Minha colega era refugiada dos tonton macoute vivia falando no Dessalines ,em indigo plantation e em amuletos vodoo.Na epoca do atentado a bomba na embaixada do Iran a Paris qdo a Fr. rompeu relaçoes com eles ,nos duas éramos ..claro ,uma negra outra morena, as unicas revistadas em todos os lugares até na fnac da rue de rennes onde foi o atentado.E o mais ironico é que estavamos sempre com um iraniano ,Mehan .Mas ele era do norte do iran ,portanto bem branco..Nunca era revistado!a estupidez policial nao tem limites e é mundial!obrigado.bj

    Responder

  5. Que história, Nine! Você ainda tem contato com ela? Essa questão do preconceito racial é complicada. Sobre a França, especificamente, a relação ainda é mais complicada. Na época da colonização, a burguesia francesa foi a que mais lucrou com o tráfico de escravos africanos. Depois, quando o movimento independentista e abolicionista, liderado por Toussaint Loverture, Dessalines e outros, acabou por derrotar o exército de Napoleão, houve um marco na luta dos negros. Mas que, na minha opinião, ajudou a manter na alma do Estado francês um preconceito histórico contra o país. Que se materializava no pedido francês até hoje cobrado de uma indenização pela independência. Quem deve a quem? O escravizador ou o escravizado?

    Responder

  6. Continuando o ping pong…nao tenho mais contato com ela ,porque justamente nesse ano de 1986 com a queda de baby doc e depois da série de atentados em Paris,ela retornou ao Haiti como voluntaria enfermeira ,e desapareceu nas inumeras guerrillas.Enqto o BabyDoc foi para o sul da Fr. gastar a fortuna do papi(o que fez mesmo!)
    Qto aos franceses,so senti preconceito nas classes menos instruidas e interioranas .No Haiti enqto nao tiver mais educaçao para o povo ,nada vai mudar.De colonia mais rica do novo mundo passou a pais mais pobre das Américas .A maioria da populaçao é analfabeta,so 5% falam frances ,mas a lingua dos docs é em geral o frances,dos funcionarios publicos tb ,idem nas escolas na capital .Gramaticas em sua maioria sao francesas e eles nao tem uma politica definida sobre serem bilingues(como a Suiça por ex.)
    O créole frances é de dificil compreensao pelo sotaque ,intonaçao e ainda alguns termos desconhecidos que vem do idioma falado pelos escravos .Qdo Luis XIV aplicou o “code noir”‘,os africanos ja na época foram despossuidos da id deles. Continuam até hoje…ab

    Responder

  7. Nine, que pena que não tens contato mais com sua amiga. Gostaria de conhecê-la. Concordo com 99% do que você disse, mas ainda pude ver uma identidade forte dos descendentes dos africanos lá. Uma cultura de resistência que moldou uma identidade super forte. Mas aproveitei essa discussão sobre vodu, religião, cultura e outras coisas para fazer um novo post. É um episódio entre dois deuses do vodu… veja lá… logo acima.

    Responder

Deixe um comentário